quarta-feira, 15 de junho de 2011

MATERNIDADE


           Estava sentada de vermelho no bar. O vestido realçava a beleza da mulher entre 35 e 40 anos, loira, óculos preto. Bebia uma cerveja. Ofereceu-me uma taça. Estava emocionada. Antes havia me telefonado. Se seu saberia fazer uns enfeites para um quarto de bebê. Agora com as revistas sobre gravidez, bebês, me mostrava uma série de desenhos de abelhas, joaninhas, lagartas, plantas em tom pastel, e recebia a afirmação, sim, sei fazer. Cerveja boa. Estava esperando o bebê para estes dias, queria um quarto bem bonito. Mas não estava grávida. Alguém teria o bebê e daria a ela. Estava tudo acertado. Não se casara. Estava de bem com a vida, queria a criança. Porque não tem pelo método tradicional, é bom? Maliciei a pergunta. Riu. Já havia tentado, mas não veio, quem sabe essa criança não puxa a outra. Me sinto grávida, é como se eu fosse ter o bebê. Estava graciosa. Longe, por trás das palavras e dos silêncios, rolava uma simpatia, um flerte, algo jamais aflorado. Falei da vida, dos meus filhos, dos enganos e desenganos amorosos, que a vida segue em frente, e que é assim mesmo, ela falou de carreira profissional, estabilidade, e que agora queria o filho, não queria casamento, mas tava aberta a relações. Esticamos a conversa além do preço acertado, por uma meia hora desfrutamos do prazer de nossas presenças e de nosso encontro, estava esperando a mãe e duas tias. O tempo desenrolou-se tranqüilo como nossa conversa. Chegaram. Alegria e abraços femininos. Apresentou-me. Viram os desenhos. Aprovaram. Despedi-me. Ficou de me ligar para adiantar 50% do valor do trabalho.

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