A noite
fora boa. 9 litros de vinho tinto seco chileno. Queijo de cuia. Uma galera
animada pra beber. Começou nos primeiros sons do meião, tocou o Tambor da Lua,
ZéMaria, Omar, Saci e o vinho pegado. Uma sessão de diamba acompanhou a
alegria. Fim de noite. O público d’A
Vida é Uma Festa se dispersa. Os mais resistentes renitentes amanhecem numa
conversa entrecortada de risos, bebida, música e sol.
- E aí
vai dormir?
- Não,
vou pegar uma na Lulu.
- Vou
em casa.
Despediram-se.
Antes Felinto chamou Aires: Vou deixar essas 2 garrafas que sobraram, mais
tarde a gente bebe, guarda pra mim.
Lentamente
o sol sobe o arco do tempo enquanto espalha sua generosa energia, o dia é agora
uma chapa aquecida e uns e outros acordam ressacados, sedentos, cheios de álcool
no corpo, cabeça zonza, estômago revolto entre faminto e enjoado.
- Quer
se sentir bem? Vamos tomar uma gelada o Irmão.
É quase
instantâneo o fim do mal estar e o reinício da fluidez etílica, foi-se a dor de
cabeça, estômago, mau humor.
Xexéu
vasculhando o casarão encontrou as duas garrafas, Faísca jogava xadrez com Hena
e outros se acumulavam na torcida e na música.
-Olha o
que eu encontrei!!
-Viiinho.
Abre logo. Faísca exultara, lembrava-se do sabor agradável do líquido e naquele
momento era tudo.
A rolha
foi sacada rapidamente e os copos parcimoniosamente enchidos. Tempo passa. Jogo
bom. Conversa boa. Vinho bom. Vinho acaba.
- Traz
o outro Xexéu.
Logo o
líquido vermelho entornava os copos. A noite se aproxima.
Felinto
acordou. Nem os fatos da noite anterior se lembrava com exatidão. Mas as duas
garrafas guardadas vieram-lhe à memória como um primeiro pensamento. Enquanto
escovava os dentes, penteava os cabelos e ouvia as advertências da mulher
descontente com as noites fora de casa do marido, quase que sentia o sabor acre
do vinho e a cura que ele faria daquele completo mal estar. Ensaiou um
cafezinho e desceu rumo a Praia Grande, o suor pegajoso da ressaca e uma certa
dor no coração, que o médico teimava em dizer que não doía, mas que dói, dói e
muito, se essa porra parar, parou. Nada que um bom vinho não resolva.
Antecipava o prazer.
Quando
dobrou o beco já viu a algazarra em torno do tabuleiro, todos em festiva
bebedeira, tocando, cantando, conversando, trocando umas ideias, sua alegria
foi ao máximo, além do vinho a rapaziada: tudo de bom. Percebeu o litro seco.
- Cadê
o meu vinho. Vamos tomar.
- Já
tomamos. Faísca com o olhar e a língua bêbada ria diante do acontecido.
Felinto
demorou alguns segundos enquanto caía a ficha, a medida que percebia a real
situação aumentava a frustração, o coração acelerou-se injetado de adrenalina,
a raiva tomou-lhe conta da cabeça e explode:
Eu te
mato Faísca.
O grupo
cai na risada.
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